terça-feira, 25 de outubro de 2011

Lâmpada de neon

Sangue e assassinato acompanham a história da luz branca desde sua invenção
por Itamar Cardin

1. A morte
Dois eletrodos nas pontas de um tubo cheio de neônio e vapor metálico começam a emitir elétrons - e isso gera luz. Foi o francês Georges Claude que produziu, no início do século 20, a primeira lâmpada de neônio. Mas já no final do século 19 o americano Daniel McFarlan Moore havia usado gás e eletricidade para criar incandescência. Moore acabaria assassinado nos anos 30, em uma disputa de patentes.

2. Os gases nobres
Uma lâmpada de neon não precisa ter neônio. Outros gases nobres podem ser usados. É como se a última coluna da tabela periódica fosse uma paleta de cores. O hélio dá uma luz amarela ou branca, o argônio uma azul ou roxa, o kriptônio uma prata ou branca. Mas a nuance mais marcante vem mesmo do neônio. A intensidade de seu laranja ou vermelho é tanta que ele é usado em sinalizadores de luz.

3. Muita luz para vocês
A ausência de filamentos amplia a vida útil de uma lâmpada de neon, que pode chegar a 100 mil horas. Isso são 11 anos e 5 meses de luz ininterrupta. Por isso, ela é tão usada em letreiros de propaganda - e virou alvo de perseguição. O neon foi proibido junto com as propagandas externas e os outdoors, na Lei Cidade Limpa, de São Paulo.

4. A luta livre...
No Japão, uma estranha luta usa lâmpadas como armas de ataque. É a Neon Lamp Fight. 
Suas regras são parecidas com as de outras lutas livres ultraviolentas, mas com lâmpadas espalhadas pelo ringue, que podem ser usadas pelos competidores. A luta é meio faz de conta, já que os vencedores costumam ser combinados previamente.
 Mas o sangue (que jorra no ringue inteiro) é real.



5. ...E a intolerância
No Brasil, essas lutas não existem, mas o cenário consegue ser ainda mais violento. Em 2010, 5 jovens utilizaram lâmpadas de neon para agredir homossexuais na Avenida Paulista, em São Paulo. Quatro deles eram adolescentes. Gritavam "Suas bichas" e "Vocês são namorados", bateram nas vítimas e acabaram soltos pela polícia. Era melhor deixar as lâmpadas nos letreiros.

Fontes Regina Monteiro, presidente da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana de São Paulo; Lucas Godoi, do Portal da Luta Livre; Associação Brasileira da Indústria da Iluminação (Abilux); Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo; Fabiola Mariano, da Indústria Brasileira de Gases.

Um comentário:

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